Nesta segunda-feira, foi apresentada na sede do CNC o curso e a qualificação europeia “Eco-Trainers”, com o objetivo de melhorar as competências ambientais dos formadores do sector da construção, como um primeiro passo para desenvolver as suas qualificações. Mais de 70 profissionais do sector, incluindo formadores, representantes de empresas, centros de formação e trabalhadores, assistiram às apresentações dos especialistas em eficiência energética, formação profissional e estratégia do sector na Europa, bem como aos discursos dos representantes ministeriais.
Durante o evento, foi apresentado o curso para formadores do sector da construção, disponível em espanhol, italiano, português, grego e inglês, que consta de 8 módulos com o total de 200 horas letivas, que ao serem concluídos, correspondem a 8 créditos reconhecidos pelo Sistema Europeu de Créditos para o Ensino e Formação Profissionais (ECVET).
Como destacou o presidente da CNC e da Fundación Laboral, Juan Lazcano: “Além de descrever o projeto, desejámos destacar com os representantes da nossa administração, as questões relevantes e atuais para a indústria da construção, assim como a transição para a economia circular e a melhoria da eficiência energética em edifícios, como um fator importante para, entre outras coisas, atingir a persecução dos objetivos climáticos no âmbito da estratégia atual da União Europeia”.
Neste cenário, destaca-se o Pacto Verde Europeu, lançado em dezembro de 2019, que “reflete o compromisso da Comissão Europeia em responder aos desafios climáticos e ambientais e elabora um roteiro com algumas medidas que se pretende implementar num futuro próximo, a fim de alcançar a neutralidade climática da UE em 2050 e promover o crescimento económico com maior eficiência no uso dos recursos, bem como uma maior integração dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável na formulação e ação de políticas da UE ”, explicou Lazcano.
Alteração do modelo em direção a uma economia circular
Pela sua parte, a diretora de programa da Secretaria Geral de Resíduos do Ministério da Transição Ecológica, Raquel Gómez, destacou que “desde há alguns anos, a Construção e o Ambiente não se têm dado muito bem, mas hoje, estão condenados a entender-se”. E destacou a importância da situação: segundo Gómez, geramos uma média de 2.500 milhões de toneladas de resíduos, dos quais apenas um terço pode ser reutilizado, cabendo ao sector da construção a responsabilidade de um terço desses resíduos, totalizando 374 milhões de toneladas de resíduos de construção e demolição na UE.
Nesse sentido, Raquel Gómez garantiu que: “estamos diante de uma alteração no modelo de consumo em direção à economia circular, na qual é necessário elaborar um plano de ação que reflita uma previsão para a desconstrução de resíduos com qualidade, para que a reciclagem seja tão eficaz quanto possível e para a prevenção da saúde dos trabalhadores”.
Compromissos vinculativos europeus
O vice-diretor da Secretaria de Arquitetura e Construção do Ministério dos Transportes, Mobilidade e Agenda Urbana, Luis Vega, analisou os compromissos vinculativos da Europa, iniciados em 2002, destacando a Diretiva 2010/31/UE sobre a eficiência energética em edifícios. Afirmou: “De acordo com o Programa Quadro de Energia e Clima, até 2030, é necessária uma redução de 40% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE), uma melhoria na eficiência energética de 32,5%, além de uma participação de 32% na quota de energias renováveis”. De acordo com o roteiro para uma economia competitiva de baixo carbono até 2050, é esperada uma redução em 60% nas emissões de GEE até 2040, enquanto que para 2050 é exigida uma redução de 80% de forma a alcançar um parque edificado descarbonizado.
Carmen Prieto, diretora da Unidade de Avaliação, Estudos e Formação da Fundación Estatal para la Formación en el Empleo (FUNDAE), explicou a necessidade de promover o fortalecimento e a aprendizagem de competências para a construção sustentável na Formação Profissional para o Emprego.
O diretor-geral da Federação da Indústria da Construção Europeia (FIEC), Domenico Campogrande, enfatizou que “o diálogo social a nível europeu é um fator fundamental” e, portanto, as Alianças Estratégicas devem ser fortalecidas para envolver todos os agentes, com projetos como o Bus.Trainers e o Construction Blueprint, ambos coordenados pela FLC, nos quais também participam a FIEC e o CNC. Também anunciou que, a fim de obter maior visibilidade do sector na Comissão Europeia, está a ser desenvolvida a estratégia “Aliança Construção 2050”.
Pacto Verde Europeu e a digitalização
Campogrande destacou o Pacto Verde Europeu (European Green New Deal) e a digitalização – o que está próximo da economia circular e do BIM – como dois dos objetivos europeus a atingir no período 2019-2024. Explicou: “Ambos representam muitas e novas oportunidades para o sector, não apenas do ponto de vista comercial, mas também como propulsores da atratividade de jovens e mulheres para o sector”.
O diretor geral da FIEC acredita que “a Europa não será capaz de enfrentar os desafios sem a industria da construção” e incentivou a indústria: “Temos que aproveitar a transição como uma grande oportunidade e investir no campo da formação, e é necessário levar em consideração três aspetos principais: contexto nacional, abordagem sectorial e cooperação e colaboração, áreas em que os agentes sociais podem desempenhar um papel fundamental”. Nesse sentido, segundo Campogrande, o projeto estratégico Construction Blueprint reune todas estas sinergias.
O diretor geral da FLC, Enrique Corral, passou em revista os projetos em que a Espanha participou relacionados com a eficiência energética e a qualificação dos trabalhadores do sector: “Em 2012 treze países europeus desenvolveram iniciativas para enfrentar os desafios colocados com os objetivos 2020, posteriormente vinculado à Agenda de Competências para a Europa e às Alianças para as Competências Sectoriais: Build Up Skills (2011-2013) e Construye 2020 (2013-2016), que prossegue atualmente através do Construye 2020+ (2018-2021)”. Hoje, a Fundación Laboral também lidera o quadro estratégico para as competências europeias no sector da construção, o Construction Blueprint.
Concluiu: “O sector está em plena transformação, exige mão de obra qualificada e devemos antecipar, de modo a melhorar a imagem do sector, a atração de jovens e mulheres, estimular a oferta atraente de Formação Profissional Básica e Intermédia e otimizar o Sistema de Formação Profissional para o emprego”.
Consórcio Bus.Trainers
Participam no projeto europeu Bus.Trainers, onze parceiros de Espanha, Itália, Portugal, Grécia e Malta que trabalham em colaboração há três anos, liderados pela Fundación Laboral de la Construcción, com financiamento do programa Erasmus +.
Os parceiros destacaram o reconhecimento da qualificação “Eco-Trainers” a nível europeu e o objetivo final de aumentar a competitividade da industria da construção, graças à transferência dessas novas competências dos formadores, para os trabalhadores e futuros trabalhadores do sector.
Esta formação foi incorporada nos sistemas nacionais de qualificação de Malta e Portugal, enquanto que nos outros países da parceria, serão as instituições que agregarão o curso na sua oferta formativa. A partir do link: ecotrainers.eu